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Análise da produtividade das empresas no comércio internacional
21 Ago 25 —

O PLANAPP acaba de divulgar um Estudo que investiga, para Portugal, a relação entre a produtividade das empresas e as várias formas da sua inserção no comércio internacional e de ligação ao mercado global.

Usando dados sobre a população das empresas a operar em Portugal (Sistema de Contas Integrados das Empresas e Quadros de Pessoal), para o período 2010-2021, o estudo carateriza extensivamente as designadas “empresas extrovertidas”, definidas como empresas participantes no comércio internacional e/ou como empresas com propriedade estrangeira de capital. A análise compreende três vertentes definidas de acordo com: (i) o status no comércio internacional (importação ou exportação ou ambas); (ii) a natureza do objeto transacionado internacionalmente (bens ou serviços ou ambos); e (iii) a geografia dos mercados de origem e destino das operações. O estudo considera também as implicações da prática de sourcing e a participação nas cadeias de valor globais na produtividade das empresas.

O estudo revela que as empresas extrovertidas têm uma prevalência minoritária, mas crescente no tecido empresarial português, representando 36% das empresas totais no período analisado. São o principal motor da atividade económica agregada, sendo responsáveis por 64% do emprego e 81% do volume de negócios totais gerados no mesmo período. As empresas estrangeiras são numericamente residuais na economia, representando cerca de 2% das empresas totais. No entanto, considerando o peso no emprego, volume de negócios e comércio internacional, são de uma importância notória.

A análise mostra que as empresas extrovertidas são constituídas predominantemente por empresas importadoras que trocam essencialmente bens e transacionam maioritariamente nos mercados da UE. Contudo, são as empresas que realizam comércio bilateral, que comercializam bens e serviços simultaneamente e que operam em mercados múltiplos da UE e extra-UE as que concentram a criação de valor na economia e no comércio internacional (exportações e importações). O crescimento significativo do comércio internacional de serviços sugere transações internacionais de maior valor acrescentado e uma maior participação nas cadeias de valor globais das empresas portuguesas.

A análise estatística mostra que as empresas que participam no comércio internacional têm níveis de produtividade superiores às restantes (empresas autárcicas), mesmo depois de considerar fatores como o setor de atividade da empresa, dimensão, intensidade de capital físico, capital humano e I&D, ano de entrada do mercado e fase do ciclo económico. Confirma-se, em particular, uma superioridade do prémio de produtividade nas empresas envolvidas em comércio bilateral (importam e exportam em simultâneo), nas empresas que transacionam tanto bens como serviços, nas empresas que participam em mercados múltiplos (UE e extra-UE) e nas empresas que exibem práticas de sourcing.

A participação e integração das empresas no mercado global é reconhecida como um pilar estratégico no estímulo da sua produtividade, ao criar incentivos para o aumento da eficiência das empresas por via de múltiplos canais (por exemplo, acesso a fatores de produção a menores preços ou de maior qualidade, acesso a competências de gestão e capital humano não disponíveis no mercado doméstico, especialização produtiva e produção com ganhos de escala, interação com fornecedores e clientes estrangeiros que permite aumentar o conhecimento organizacional de mercados e processos).

Este Estudo insere-se numa agenda de estudos do PLANAPP mais alargada, dedicada à análise das dinâmicas da produtividade e dos salários em Portugal.

Também está disponível um documento síntese do relatório completo.

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